A Faculdade Católica de Belém anuncia com muito orgulho, que o Aluno do 5° Semestre de Filosofia, Carmelino Ramires, venceu o concurso do Cartaz da Semana de Oração pela Unidade Cristã, promovida Pelo Conselho Nacional da Igrejas Cristãs (CONIC).

Carmelino, que é da região do Marajó e seminarista da Diocese de Ponta de Pedras, considera que a sua conquista diz muito sobre a sua formação cristã e da região de onde vem.

“Sinto-me feliz com a conquista, pois vejo que consegui colocar em uma arte, aquilo que vivencio na realidade de igreja católica na Amazônia, posso dizer que as aulas da Facbel sobretudo na antropologia cultural, me ajudaram a eleger elementos chaves, com a escolha dos dois rostos. Vejo aqui, a importância da FACBEL não só para a minha formação religiosa, mas humana também” comentou o seminarista Carmelino Neto.

A Semana de Oração pela Unidade Cristã é Promovida mundialmente pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pelo Conselho Mundial de Igrejas.

No Brasil, acontecerá entre 16 a 23 de maio de 2021, e esse ano tem como tema “Permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos” (cf. João 15,5-9).

O vencedor do concurso explica a sua criação:

“A paisagem do cartaz é típica da Amazônia. O fundo, em cores arco-íris, simboliza a diversidade cultural e religiosa presente nesta região. Temos o Tema entre dois traços indígenas e, ao lado direito superior, a Sumaumeira, árvore típica da Amazônia – que é considerada a mãe da floresta por ser grande, cobrir muitas outras arvores e possuir uma raiz bem firme.

A Sumaumeira produz uma castanha, e esses frutos são os dois rostos que estão no cartaz. Liza Guidicelly, uma jovem mãe, mulher, marajoara, traços indígenas, congregante em uma igreja evangélica, considerada por sua igreja como missionária.

Ao lado dela temos o Tarcísio, jovem, negro, com traços africanos, católico, com grande apreço pelas religiões de matriz afro, conhecido nas redes sociais pelo orgulho de sua cor e suas raízes.

Com esses dois rostos, represento todo o povo amazônico, homens, mulheres, jovens, anciãos, negros, pardos, indígenas, brancos.

Abaixo deles, temos uma floresta de açaizeiros e casas ribeirinhas, muito comum na Amazônia. Os tons de verde e tamanhos diferentes mostram a particularidade de cada um que, juntos, formam uma bela harmonia na paisagem. Porém, ao lado esquerdo dessa paisagem, temos o fogo, que é consequência da ganância do homem por poder, dinheiro e fama. Esse fogo, muitas vezes, é a falta de diálogo e tolerância.

Ainda temos um rio, [que] para muitos é uma rua, uma extensão da casa. É onde se passam muitas histórias, traz alimento, seja por barcos ou seja pela pesca. É testemunho de muitas alegrias e injustiças, como a extração ilegal de madeira e o desmatamento desenfreado.

Ainda há ali uma balsa de madeira, cena típica, um jovem que rema uma canoa com uma mulher à frente – o casco é quase da mesma cor do rio. Na rotina do ribeirinho, se tornam quase a mesma coisa: a canoa, o rio o ribeirinho, por vezes, são um só.

A arte também traz elementos do folclore da Amazônia: a Matinta Perera entre as casas; o Boto de costa para rio indo em direção às casas ribeirinhas; a Cobra Grande, lenda presente em muitas cidades da região que dizem estar abaixo da cidade e que quando ela se mexer a cidade afundará. Em Belém, fala-se dela estar com a cabeça embaixo da Igreja da Sé, do mesmo lugar de onde sai o Círio. Por isso, a Cobra Grande é representada saindo de dentro da corda.

Na parte inferior da imagem, temos a Corda da Berlinda, sinal de unidade. Na corda do Círio, as pessoas se unem, vêm de diversos lugares, culturas, etc. Nela não há divisão.

Na base inferior e superior temos traços indígenas, conhecidos por alguns como Gregas Marajoaras, por serem encontrados em artefatos deixados por índios daquela região.”