Um terremoto de magnitude 7,8 sacudiu o sul da Turquia e o norte da Síria, na madrugada desta segunda-feira dia 6 de fevereiro, deixando milhares de mortes e de feridos, além de danos significativos nos dois países. A perspectiva é que o número de vítimas passe de 4 mil.
Na Turquia, onde o epicentro foi registrado, o serviço de emergência reportou ao menos 1.762 mortos. As autoridades registraram, ainda, mais de 11 mil feridos. Na Síria, o terremoto deixou pelo menos 1.293 mortos e mais de 2,4 mil feridos.
Domingos Dirceu Franco missionário focolarino brasileiro na Síria nos informou que “Além dos 3-4 tremores fortes (máximo de 7.8 às 4:17 am) tiveram mais ou menos outros 50 tremores menores ao longo da última segunda feira dia 6 de fevereiro. Os feridos são mais de mil. Mais ou menos 40 prédios desmoronaram (sobretudo prédios muito velhos e já danificados pela guerra). Muitas varandas dos apartamentos desabaram (destruindo muitos carros e ferindo quem se encontrava nas calçadas depois de ter deixado o apartamento). Na cidade de Hamma e Tartous (litoral) foi registrado muitas vítimas e destruição. Mesmo com o frio e a chuva, a maioria passou a noite nas ruas. Outros ainda em igrejas e outros que foram para pequenos vilarejos longe de Aleppo. No litoral muitos se refugiaram nas montanhas por medo de um tsunami”.
A Síria é um país do Oriente Médio com capital na cidade de Damasco. Possui muitas paisagens contrastantes em função do litoral banhado pelo mar Mediterrâneo, planícies desérticas no interior do país e cadeias montanhosas. A população do país é de 17 milhões de habitantes, mas a maior parcela deles sofre diretamente com os efeitos da guerra civil que teve início em 2011. Com o conflito, a economia do país entrou rapidamente em declínio, e sua infraestrutura se deteriorou rapidamente. Além dos mais de seis milhões de refugiados em outras nações, muitos sírios se viram obrigados a deixar suas casas e se deslocarem dentro do próprio território. Como consequência, houve a acentuação dos níveis de pobreza e vulnerabilidade social no país.
“Durante a tarde visitei algumas pessoas (abrigadas em igrejas) – nos conta Domingos – conversei por telefone com vários de Aleppo e outras cidades para ver como estão e visitei alguns lugares onde teve destruição. Como Focolare procuramos ajudar naquilo que podemos. Muitas vítimas já foram retiradas dos escombros, como por exemplo do P. Emad que infelizmente nos deixou. Outros foram retirados com vida. O prédio do focolare não foi danificado e estamos todos bem. As focolarinas também estão bem. Estamos em casa e atentos à qualquer situação e com certeza ninguém dormirá esta noite”
Há na Síria uma grande diversidade cultural e religiosa. Cerca de metade dos habitantes do país é de origem árabe, 15% são alauitas, 10% curdos, aproximadamente 10% são levantinos, e os 15% restantes abarcam pessoas que pertencem a diversos outros grupos étnicos, como drusas, nusairis, armênios e assírios. Isso reflete nas línguas faladas no país, em que se ouve os idiomas curdo, aramaico, armênio, francês, inglês e, principalmente, árabe, língua oficial. A religião predominante é a islâmica, embora haja muitos praticantes de outras crenças. A situação é muito grave, muitas pessoas ainda continuam sob os escombros dos edifícios — declarou o cirurgião Majid Ibrahim, no hospital Al Rahma da cidade de Darkush, no norte da Síria. De acordo com o Instituto Geológico Dinamarquês os tremores foram sentidos até a Groenlândia.
CHARLES ALBERTO BARBOSA DE SOUZA – Doutorando em antropologia pelo Instituto Universitário SOPHIA de Florença (IT) é professor de Antropologia e Cultura Afro-brasileira e Etnias da Faculdade Católica de Belém, Sociólogo da Equipe de Pesquisa do Núcleo Setorial de Planejamento da Secretaria de Educação Municipal de Belém Membro do Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs e do Movimento dos Focolares.
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